5. (Pedro Sousa)
A foto tinha
um papel de destaque cada vez maior no centro da sala vazia. Era como se fosse
a única peça da sala, como se ocupasse cada vez mais espaço, impossível de
ignorar. A Imagem olhava-o nos olhos, apelava à descoberta da sua história.
A
inquietação crescia de dentro para fora e impunha a sua presença, incómoda,
angustiante, mesmo que aparentemente impossível, algo tinha que fazer, dar
corpo às imagens que rodavam como um remoinho na memória.
Manuel
sentou-se à mesa com uma missão, uma ideia que lhe dava forças, uma força que
não sentia há muito tempo, um tempo que já não tinha e escasseava por entre as
frinchas da janela da sala, pelos céus da cidade numa tarde de sol como tantas
outras.
Uma
fotografia, um nome, uma cidade, uma língua.Começaria
por Paris, no Boulevard Saint-Michel, a Boulinier era uma visita regular nos
tempos em que o trabalho obrigava a deslocações regulares. O seu amigo Luís, um
português, livreiro, conhecedor dos meandros editoriais e visita frequente dos
meios decadentes em que tantas vezes as letras se movem, poderia ser uma ajuda
para perceber esta inquietante coincidência.
Conheceria ele
Dominique Lapin ? Existiria ou seria apenas um nome? Partiria desde já!
Sem comentários:
Enviar um comentário