8. (Bárbara Tomaz)
Abraçando fortemente o livro contra o
peito, Manuel caminhou pelas margens do Sena, deixando-se levar pela imensidão
do pensamento. Memórias da sua filha. Inúmeras perguntas para as quais não
tinha, mas queria, resposta.
Acordou meio que inebriado do vinho que
bebera na noite anterior. Era o 7º dia do 7º mês. Manuel recordava algo que
Dominique Lapin havia escrito sobre Tanabata Matsuri enquanto revia, no chão do
seu quarto, dezenas de pequenas folhas de papel colorido com caracteres
japoneses. De que se trataria? Teria delirado? Não tinha memória de nada.
“Ungaii... Ungaii... Ungaii...” –
pensava para consigo. Auspicioso ou não, tinha que continuar. Sabia que a
comunidade japonesa se começara a estabelecer na Rua de Sainte-Anne e seria aí
a sua próxima paragem. Pegou no livro e saiu porta fora.
Assim que se sentou ao balcão um
sorriso tímido estendeu-lhe uma chávena de chá. Manuel meteu a mão no bolso da
camisa e retirou a fotografia da sua filha Ana, ou seria antes Hana?
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