segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

8. (Bárbara Tomaz) 

Abraçando fortemente o livro contra o peito, Manuel caminhou pelas margens do Sena, deixando-se levar pela imensidão do pensamento. Memórias da sua filha. Inúmeras perguntas para as quais não tinha, mas queria, resposta.

Acordou meio que inebriado do vinho que bebera na noite anterior. Era o 7º dia do 7º mês. Manuel recordava algo que Dominique Lapin havia escrito sobre Tanabata Matsuri enquanto revia, no chão do seu quarto, dezenas de pequenas folhas de papel colorido com caracteres japoneses. De que se trataria? Teria delirado? Não tinha memória de nada.

“Ungaii... Ungaii... Ungaii...” – pensava para consigo. Auspicioso ou não, tinha que continuar. Sabia que a comunidade japonesa se começara a estabelecer na Rua de Sainte-Anne e seria aí a sua próxima paragem. Pegou no livro e saiu porta fora.


Assim que se sentou ao balcão um sorriso tímido estendeu-lhe uma chávena de chá. Manuel meteu a mão no bolso da camisa e retirou a fotografia da sua filha Ana, ou seria antes Hana? 

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