12. (Ana Botelho)
Agora viajava por outra história, ou
por outro livro?!
O rio corria calmo e lento, com um sol
brilhante, e para ser o homem mais feliz à face da terra bastaria ver concedido
um desejo. Bastaria encontrar a mulher da fotografia que trazia no bolso.
Pensou, quase a implorar aos ventos, que um empurrão trouxesse o tal desejo.
Veio uma brisa maravilhosa e ele fechou
os olhos, empinou o nariz e inspirou o mais profundo que conseguiu.
Abriu os olhos e viu-se numa florista,
cheia de cor e perfumes maravilhosos que lhe preenchiam o olfacto. Olhou à
volta e sentada atrás de uma mesa velha de madeira estava uma menina, delicada,
com braços e pernas finos, longos e elegantes, e um corpo apertadamente
pequeno. Tinha um aspecto exterior distinto como se fosse uma boneca de
porcelana.
O rosto, esse era espantosamente
parecido com a fotografia que continuava no seu bolso. Aproximou-se dela.
Ela com uma voz fina disse: Estou á tua
espera! Demoraste a chegar!
Por um instante o seu peito encheu-se
dolorosamente da memória da figura da sua filha.
Como é que fizeste…isto…?
E ela, com os lábios vermelhos, olhou-o
fixamente e disse num tom de voz sério, como que de oração:
Acreditas? Estava aqui, estive sempre
aqui!
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