segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

12. (Ana Botelho)

Agora viajava por outra história, ou por outro livro?!

O rio corria calmo e lento, com um sol brilhante, e para ser o homem mais feliz à face da terra bastaria ver concedido um desejo. Bastaria encontrar a mulher da fotografia que trazia no bolso. Pensou, quase a implorar aos ventos, que um empurrão trouxesse o tal desejo.
Veio uma brisa maravilhosa e ele fechou os olhos, empinou o nariz e inspirou o mais profundo que conseguiu.

Abriu os olhos e viu-se numa florista, cheia de cor e perfumes maravilhosos que lhe preenchiam o olfacto. Olhou à volta e sentada atrás de uma mesa velha de madeira estava uma menina, delicada, com braços e pernas finos, longos e elegantes, e um corpo apertadamente pequeno. Tinha um aspecto exterior distinto como se fosse uma boneca de porcelana.
O rosto, esse era espantosamente parecido com a fotografia que continuava no seu bolso. Aproximou-se dela.

Ela com uma voz fina disse: Estou á tua espera! Demoraste a chegar!
Por um instante o seu peito encheu-se dolorosamente da memória da figura da sua filha.
Como é que fizeste…isto…?
E ela, com os lábios vermelhos, olhou-o fixamente e disse num tom de voz sério, como que de oração:

Acreditas? Estava aqui, estive sempre aqui!

Sem comentários:

Enviar um comentário