segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

13. (Bernardo Martins)

Acordou de sobressalto. Respirou fundo de forma a aliviar a pressão no peito. Sentia o coração a palpitar, estava acelerado.

Pouco passava das 9 da manhã. Estava deitado e o olhar seguia as sombras que passeavam pelo tecto do quarto. Lentamente voltava a si. Pegou na foto e olhou-a antes de fechá-la na mão. Voltou a perder-se nas sombras.

Tudo lhe tinha parecido tão real, o cheiro das flores ou o leve passar dos dedos pelas folhas enquanto percorria a loja. E a imagem de Ana? Uma mera ilusão, uma distante imagem à qual se agarrava. Haviam passado 4 anos desde que partiu, 4 anos sem notícias. Não se conseguia lembrar dela de outra maneira, a menina que se agarrava às suas pernas, as milhares de vezes em que ela lhe perguntou o porquê das coisas ou as noitadas que fazia para a ajudar com trabalhos. Tudo mudou de repente, havia-se tornado demasiado penoso recordar.

O toque do telefone interrompe o seu pensamento. O inusitado telefonema fez a ansiedade voltar a apoderar-se dele. Atendeu depois de três toques. Do outro lado, notícias de Ana.


O seu coração afundou-se.

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